Viver o presente! Boa frase, mas incompleta.
Viver o presente procurando acertar os erros do passado! Melhorou, mas ainda falta algo.
Viver o presente procurando acertar os erros do passado, construindo um futuro melhor! Pronto, agora sim: uma boa e completa frase.
O fato é que nós preocupamos-nos com o futuro. Por que? Bem... Como todo ser humano, temos medo do desconhecido, do que está fora de nosso controle e, justamente por isso, buscamos incessante e paradoxalmente nos mantermos calmos, como se dominássemos a situação, algo do tipo: “temos que planejar a nossa vida”. Concordo em partes. Isso porque não devemos fazer planos para controlar o futuro da nossa vida, e sim para dar sentindo a ela. A verdade é que esse assunto é tentador e quase eu mordi a maçã descorrendo sobre isso quando, na verdade, eu quero falar de outra coisa, muito ligada a essa por sinal, cuja visão me parece um tanto quanto antropóloga demais. Mas ainda está em tempo, vou parar de enrolá-los e entrar de sola no assunto. Faço isso no próximo parágrafo, prometo.
Já diria os saudosistas que promessa é dívida, então lá vai: vivemos o mundo do deus dinheiro (cuja principal arma é a ganância do homem, motivada por uma série de fatos que não vem ao caso) que gera desigualdade, isto é, as três pessoas mais ricas do mundo têm mais dinheiro do que 20% da população do planeta, segundo uma entrevista que vi (não tenho certeza, mas acho que eram esses os números, mesmo não sendo esses, os verdadeiros são tão espantosos quanto, isso eu asseguro). Que “filhadaputagem”, “né”? E, como diria um grupo de axé (só para esclarecer: eu detesto axé), que pelo menos uma vez na vida falou alguma coisa certa: “[cada vez mais] o de cima sobe e o de baixo desce [e se multiplica também, diria eu]”.
Se o mundo consumisse igual aos EUA ou “a parte rica” da Europa (como se existisse a parte pobre, quando olhamos para o resto do mundo) precisaríamos de pelo menos mais dois planetas. Estamos destruindo o mundo! (todo dia eu escuto isso... mas deixa pra lá, não deve ser nada grave...).
Bem... mundo se acabando, miséria aumentado (apesar de alguns gênios falarem que, para a própria sustentabilidade do capitalismo, a pobreza tem que diminuir, ou melhor vai diminuir. Até concordo. Mas tem que ver se ainda existiremos quando isso acontecer), conflitos religiosos, crianças de 9 anos se prostituindo, um prédio em chamas ali, a corrupção no legislativo, executivo e judiciário, o timão quase caindo, o Nascimento virando herói (absurdo, não?), a aids matando centenas de milhares, e o papa, no meio de seu palácio reluzente a ouro, condenando o uso da camisinha e quem não é católico (você sabia que, segundo a Vossa Santidade, em carta assinada nesse ano, se você não for Católico Apostólico Romano, você não vai para o céu? Mas essa é outra questão), dentre outros fatos. O que eu queria mesmo era que você me respondesse: “Qual o meu futuro, qual o seu futuro, qual o nosso futuro? Ou então: haverá futuro?”.
Obrigado pela sua atenção, aguardo sua resposta e, só para terminar, tem Renato Russo: “(...) nesses dias tão estranhos, fica a poeira se escondendo pelos cantos... Esse é o nosso mundo, o que é demais nunca é o bastante, a primeira vez sempre a última chance (...)”.